Conscientização: Unidos por uma cultura de sustentabilidade


Moradores de São Sebastião se mobilizaram pela conservação de suas nascentes e limpeza das ruas.

Danielle Oliveira

A Comunidade de São Sebastião se reuniu no último dia 30 para internalizar uma cultura ecológica. A ONG Casa de Cultura e Educação recebeu cerca de 50 crianças para desenvolver com elas gincanas com objetivo mais duradouro que apenas alguns momentos de alegria e descontração: a conservação do próprio meio onde elas vivem. Na verdade, as horas lúdicas visavam algo com bem mais consistência. Primava-se pela garantia de morar futuramente em um núcleo habitacional sustentável. Entre uma corrida e outra, entre uma brincadeira de corda e dança de hip-hop, lá estavam os meninos catando garrafas PET e limpando as nascentes. "Nossa ONG nasceu com o objetivo de educar crianças, mas logo vimos a necessidade de usar dessa atração que exercemos sobre elas para conscientizá-las da limpeza da quadra 12", disse a coordenadora da instituição Hosana Alves do Nascimento. A organização foi fundada, há quatro anos, na Casa de Cultura de São Sebastião onde começou a receber numerosas doações de livros e a oferecer aulas de reforço. Essa era a única atividade desenvolvida até 2005, quando constatou-se o primeiro caso de hantavirose que levou ao falecimento de uma mulher na região. Os moradores ficaram apavorados e, desde então, se mobilizam para realizar a limpeza local permanente. Hoje a instituição funciona na residência de Hosana.
A conscientização dos moradores se fazia urgente e, hoje, a sua manutenção é fundamental. A quadra 12 de São Sebastião faz parte de uma reserva ambiental que, entretanto, não está incluída na poligonal da cidade. Seus residentes precisam da segurança da consciência de que não podem deteriorar as nascentes da região. Dessa forma esperam obter a regularização do núcleo habitacional com a sua inclusão no Plano Diretor de Organização Territorial.
Onde havia dois imensos lixões, hoje existe uma praça e uma horta, símbolos criados para lembrar as necessidades ecológicas. Ambas foram construídas por iniciativa dos próprios moradores. Aliado a isso, é feito trabalho de limpeza da nascente e das quadras com o recolhimento de garrafas PET para a reciclagem. Para tanto, até as crianças se mobilizaram. A estudante Paola Alves dos Santos, 14 anos, que está cursando a 8ª série, mostra que, com união, todos só têm a ganhar. "A casa de cultura veio para unir a quadra. Antes não tinha lugar para tirar dúvidas da escola. É um lugar que todo mundo se encontra e troca informações", disse.
Micael Soares de Oliveira, 11 anos, foi um dos que se divertiram com as gincanas. Um dos que mais conseguiu recolher garrafas PET tem a resposta na ponta da língua quando indagado sobre o que entendeu das brincadeiras. "Aprendi a ajudar na reciclagem de garrafas e a me conscientizar da limpeza do bairro", disse. Mãe de quatro crianças, que têm aula de reforço nas instalações da ONG Casa de Cultura e Educação, Deusiana de Azevedo Melo reconhece a importância de mobilização da comunidade. "Antes juntava muito lixo aqui. Hoje, os moradores não deixam juntar sujeira", disse.
A organização recebe apoio de alunos de Pedagogia da Universidade de Brasília, orientadores dos cinco educadores que fazem trabalho voluntário as segundas, quartas e sextas-feiras na ONG. Quarenta crianças utilizam os serviços da instituição. Além das doações, recebem ajuda de técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater), que orientam a manutenção da horta.

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